sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Poemas ás águas.


Ainda lembro-me do primeiro poema que recitei. Era Outono. Flores caíam num rio repleto de reflexos, reflexos de um passado. Um passado desconhecido.
Tinha medo de despertar minha imagem baseada em trapos. Eu era apenas uma moça, que
girava entre os dedos, gravetos, que, em minha mente, soltavam faíscas.
Sob as margens de águas entristecidas, eu via traços de uma guerra, uma guerra sem fim.
Ele me dizia algo, algo que talvez ninguém tivesse compreendido: Salva-me!
Não sabia o que fazer diante daqueles gritos. Então sentei-me.
Pensei em todos os sorrisos que vieram á minha mente. Eles formaram versos, versos vermelhos. Comecei a recitar ao rio, sua aparência amarelada passou a ser azulada.
"Lembro-me do dia em que o sol veio me acordar de uma forma diferente
Calorosa, como se estivesse de frente
Aqueles finos raios de sol me iluminaram
Minhas fantasias tornaram-se esperanças
Meus olhos, então, se iluminaram."

E ali fiquei, até o anoitecer, até a lua pairar, derramando suas lágrimas prateadas sobre mim.
Aquelas águas não eram mais as mesmas, eram tesouros preservados. Talvez fossem até profundezas que guardavam histórias.
E realmente guardavam.
Sereias surgiram pela primeira vez diante de meus olhos. Começaram a cantar. A canção era pura, pois não enfeitiçava. Ela dizia que do outro lado daquelas montanhas, próximo ao horizonte e do outro lado do rio, havia um mundo em que gravetos soltavam faíscas consecutivamente. Me disseram como realizar meus maiores desejos.
Em minha vida não houve melhor gratificação.
E o rio adormeceu.

2 comentários:

Beatrice P. disse...

O blog está lindo!
O texto está perfeito!
De verdade!
Eu me emocionei lendo! *-*
Vou vir aqui seeempre!!

Unknown disse...

Adorei......

É uma menina escrevendo com alma de mulher, sentimento retratado com delicadeza, com ternura e com grandeza de alma........

o blog esta bonito de ser ver e cheio de palavras a preencher a alma de amor e ternura...


Bjinhos